terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Arrumando a casa

Não chegamos a conhecer as pessoas quando elas vêm a nossa casa; devemos ir a casa delas para ver como são. - Johann Goethe

Olá meus queridos! Há muito não os escrevia! Que saudade! 

O post de hoje é dedicado à arrumação da casa.
Não, e não me refiro ao meu cafofo, que muitas vezes - dependendo da época - pode oscilar entre cenário de comercial de margarina e zona de guerra. Na verdade, se eu fosse falar do meu cafofo ia render uma novela mexicana, tantas as idas e vindas pra deixá-lo menos com cara de república e mais com cara de lar, mesmo já tantos anos após o casório. Mas uma daquelas novelas beeeem cheia de chororô, rs

Em vez disso hoje o tema do post é um pouco menos mundano: Falo da arrumação mais importante e profunda que todos devemos constantemente empreender: A de acertar a nossa vida.

Seguindo o tema desse blog, gostaria de falar um pouquinho sobre o quanto a nossa bagunça interna afeta a nossa vida de casal.


Sim, meus queridos. Tantas pessoas passam mil e quinhentos anos falando de casais como se juntos formassem uma entidade sólida. Discorrendo sobre "problemas de casal", "dificuldades de casamento" entre outras coisas, sem se dar conta de que na verdade, um casal é formado por duas unidades distintas. Por DUAS pessoas. E lógico, diferentes. Com dificuldades próprias. Com medos próprios. Cada um com os seus "pobremas"! Então, meus admirados leitores, como é que podemos falar de manter uma relação estável sem antes falar de estabilizar-se um indivíduo?

Dificuldades na relação começam muitas vezes, por dificuldades de um dos consortes, ou até mesmo de ambos. Não vou ficar falando de dois porque vou ficar doidinha, e daqui a pouco não vou conseguir concatenar as coisas. Em vez disso, vou começar com você que está aqui lendo. Sim, você mesmo! Não adianta disfarçar, já apontei-lhe o dedo! 
-    Tudo bem com você?

-  Como você anda ultimamente? Deprimido porque está sem trabalho? Alguém da sua família está doente? Ou anda trabalhando demais? Sobra mês no fim do dinheiro?


Querida Pessoa.... Algumas vezes a paz da relação é ameaçada por esses e outros reveses incontroláveis da vida. Gente, cacas acontecem! E na minha humilde experiência posso afirmar que elas escolhem a pior hora do mundo para acontecer. E quando algo vai mal fora de casa, coisa que já consome nosso fôlego, alma e atenção, dentro de casa as coisas parecem exigir uma paciência que demandam o nível Mestre Jó 2015. Coisa fácil né?

Bom, eu poderia agora gastar duzendos caracteres discorrendo sobre a necessidade de companheirismo na relação. De o quanto o seu companheiro/a pode e deve ajudá-lo/a nessa etapa. De coisas que ele pode fazer ou que eu o aconselharia evitar. Mas, não é ele que está lendo né? É vossa senhoria! 

Querido/a, quando algo vai mal fora de casa, muitas vezes os esforços mais heróicos do seu consorte em ajudá-lo de nada adiantarão, em grande parte porque você, ao se ver submerso em dificuldades, ganha um olhar-cocô sobre tudo que o rodeia.

Temos a tendência a maximizar o alcance dos nossos problemas estendendo a angústia, a sensação de derrotismo, o nervosismo que eles trazem a uma área de nossa vida a todas as outras. Não há o "toque de Midas"? Pois te apresentei agora o Olhar de Merdas!



Dica: Amigo, fuja do Olhar de Merdas! Tente adotar uma postura positiva diante da vida, mesmo que um ou mais aspectos dela estejam caóticos.
Por quê? Porque por mais difícil que se esteja viver, a alternativa - morrer - ainda é pior. E porque o pânico não vai melhorar nada a sua situação, pessoa. E ainda vai azedar mais o que você tem na sua casa. Confie no que quiser: Deus, carma, na bolsa de valores, seu mapa astral ou no cara e coroa. Mas confie. De preferência que tudo vai melhorar. Porque mais hora, menos hora, tudo melhora.

O trabalho está ótimo, a esposa vai bem, os filhotes com saúde. Tudo está perfeito. E você um dia acorda, olha pro lado e pensa: Não sei se eu te amo mais!
Sim senhores, na falta de problemas que a vida nos imponha, parece que nosso cérebro está sempre atento para suprir a demanda de mercado não é mesmo? 
Será que realmente é desamor? 

Somos seres movidos a desafios. Cada vez que alcançamos um patamar de estabilidade, buscamos o próximo. E o seguinte. E o posterior.
Bom, uma hora os desafios começam a rarear mesmo, Grazadeus né? 
Só que pessoas acostumadas a sempre buscar algo novo de repente se vêem num ponto em que tudo está ótimo. E aí podem simplesmente não conseguir relaxar e curtir a boa fase conquistada. Desacostumadas a não lutar, começam a lutar contra o que conquistaram, estilo autossabotagem mesmo. E miram a metralhadora pra onde? pro lado de lá da cama de casal. 
Dica: Exercite a apreciação das pequenas coisas boas do seu dia-a-dia. Acostume-se a celebrações semanais, incorpore-as à rotina. Comemore os pequenos atos de seu companheiro. Ou as pequenas coisas que juntos, vocês façam muito bem. Valorização de um presente conquistado começa na atenção aos detalhes. São os detalhes que fazem sempre a grande diferença! Assim, fica mais fácil evitar uma crise melancólica. 
Ela se instaurou? Pense bastante, passe um tempo sozinho refletindo entre Tico e Teco para entender bem se é uma crise melancólica. E sempre, sempre,  converse com seu par. Mas evite soltar de cara o "eu não sei se te amo". Por quê? Porque dói, ora bolas. E porque palavras que machucam só devem ser ditas se for inevitável, e não a cada "não sei que me deu" que se acometa um indivíduo. #Falaserio.

Outros fatores pessoais também pode atrapalhar a santa paz do lar.
Traumas de infância são da turma dos Mais Mais. Para essa delicada parte deixem-me molhar o bico: existem experiências obviamente traumatizantes e experiências em que determinada pessoa desenvolveu um trauma quando a viveu. Reconheço que é individual a maneira que o que nos aconteceu na infância nos afeta. Isto posto, do meu ranking pessoal, listo alguns traumas bem populares:

-  Separação dos pais. Conheço fácil meia dúzia de pessoas que não tiveram momentos moles nessa fase e que acabaram carregando o a carga negativa do divórcio dos pais consigo. 
-  Perda/ Abandono por um ente querido. Pai que foi embora, mãe que morreu cedo. Vice-versa ou em outras versões - tio, irmão, etc.
-  Queda considerável de padrão de vida dos pais - mais notada após a primeira infância.
- Doenças progressivas e incuráveis que acabam por exaurir física e emocionalmente as pessoas ao redor do doente.
Repito: nenhuma dessas situações são necessariamente traumatizantes. Mas a experiência que aquela pessoa teve naquela circunstância pode ter-lhe sido emocionalmente exaustiva, ou mesmo traumática. 

O impacto de um trauma instalado se nota geralmente, pelo comportamento desenvolvido a partir dele. Ex.: medo de compromisso, dificuldade de desapegar, busca por relações destrutivas, agressividade física, dificuldade em lidar com os próprios sentimentos, etc.
Dica: Pessoa, se esse é o seu caso, considere procurar ajuda!
Todo ano nesse país se formam uma gigalhada de psicólogos. São profissionais que ganham a vida ouvindo e tratando pessoas como você, pessoa normal. Isso mesmo, você leu isso: N O R M A L.
Todos nós temos os nossas experiências traumáticas. E é nosso sapientíssimo cocoruto quem desenvolve os mecanismos para sublimá-los. O problema se dá algumas vezes quando esses mecanismos acabam mais atrapalhando do que ajudando. Uma boa terapia pode ajudá-lo a entender quais defesas que você deve manter erguidas, e quais você precisa derrubar e reconstruir se quiser viver em harmonia consigo mesmo. 

Pois é querida pessoa. 
Se queremos consertar o mundo, comecemos por nossa morada.

Se você quer viver em harmonia no casamento, comece por viver em paz consigo mesmo.

Até o próximo post!




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